O que me move é a dor que não se vê
O que me move é a dor que não se vê, a dor de que não se fala,
a dor que não tem voz, anônima e insuportável
a dor de não ter sua dor revelada, de não fazer jus a dor relevante
a indignação, o desespero na face de cada um que se recusa a compreender
que o senso comum não entende ser justa sua dor.
O que me move é me imaginar mendiga, indigente, ladra, bandida, puta, traficante,
terrorista, mulher-bomba, suicida.
[e sempre penso nesta música do Chico]
Notícia de jornal
(Chico Buarque)
Tentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de tal, por causa de um tal João
Depois de medicada
Retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exatidão
O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal
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